Rio de Janeiro, 31 ago (Xinhua) -- A construção de uma nova agenda de desenvolvimento para o Brasil a partir da troca de experiências com a China é a pauta principal do Fórum Brazil+China Challenge (Desafio Brasil+China) 2017, que será realizado nos dias 1 e 2 de setembro, em Pequim, coincidindo com a visita oficial do presidente Michel Temer, em agenda prévia à cúpula dos BRICS.
O Fórum é uma parceria entre o Laboratório de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (LABFGV), a Yenching Academy da Universidade de Beijing e a BRASA Ásia (Brazilian Students Association Asian) com o objetivo de identificar iniciativas de sucesso em setores chave para o desenvolvimento dos dois países.
"O Fórum é a primeira iniciativa desse tipo na história das relações Brasil - China, reunindo em Beijing um grande número de lideranças brasileiras e chinesas. Haverá representantes da sociedade civil, do mercado, da academia e da classe política dos dois países, explicou à Xinhua um dos secretários-gerais do evento, Eduardo Cavaliere.
Segundo Cavaliere, durante os dias do Fórum serão discutidas novas perspectivas sobre o desenvolvimento divididas em seis áreas: Investimentos Estruturais; Empreendimentos para o Desenvolvimento; Educação; Rumo ao Oeste; Mundo Pós-Ocidental e Cidades Inteligentes.
"Esse será um primeiro passo importante no avizinhamento de ideias e projetos. Brasil e China têm muito a ganhar nesse processo, seja através de parcerias estratégicas, que podem derivar da aproximação, seja por conta de uma melhor e mais precisa compreensão mútua entre os países", destacou o secretário-geral.
"A ideia do Fórum surgiu junto ao grupo de colegas que eventualmente fundou a BRASA Ásia. A ideia original foi bastante modificada quando a levamos de volta ao Brasil, à Fundação Getúlio Vargas, onde contamos com a colaboração de vários professores assim como o Laboratório de Políticas Públicas da FGV, que se somou ao projeto em sua formação", revelou à Xinhua Otávio Costa Miranda, que também participa da organização do evento, como outro secretário-geral e, como Cavaliere, é um dos fundadores da BRASA.
"Nossa ideia era alterar fundamentalmente os vetores de compreensão entre Brasil e China, criando novas pontes entre grupos relevantes de ambos os lados. Tínhamos a convicção que ao ligarmos figuras estratégicas dos dois lados, durante a presidência chinesa dos BRICS, poderíamos escalar a pauta China como ainda mais relevante no Brasil, superando a dinâmica estritamente comercial, abrindo novas frentes para a promoção de laços que poderão eventualmente moldar o futuro dessas relações", acrescentou Miranda.
"Em nossa visão, existe um subaproveitamento das oportunidades nos canais de relações entre Brasil e China. Há, evidentemente, um conjunto de razões para que esse potencial seja pouco ou - algumas vezes - até mal explorado pelos dois lados. De fato, não é uma questão simples de se tratar. O principal objetivo do Fórum é contribuir com a construção de uma agenda mais sólida entre os dois países. Isso, certamente, não é um problema que se resolve de uma hora para outra, pois depende de um esforço contínuo e de longo prazo", destacou Cavaliere.
"Durante os últimos 18 meses, nós planejamos e executamos um projeto com 3 dimensões, que procura enfrentar, de maneiras diferentes, aquilo que nós identificamos como um "desafio de má percepção mútua".
Segundo Miranda, o objetivo é buscar introduzir a China definitivamente no mapa do estudante, do pesquisador, do administrador público e do empresário brasileiros, assim como também buscamos aumentar a relevância e pluralidade da pauta Brasil na China.
"Fizemos tudo isso através de uma pauta comum: desenvolvimento. Há muito a aprender com casos de sucesso e soluções replicáveis e escaláveis da China no Brasil e do Brasil na China. Essa parceria e sinergia, sem dúvida, pode modelar o futuro do desenvolvimento".
O compromisso da organização com a continuidade da agenda proposta pelo fórum prevê que, no retorno ao Brasil, as discussões travadas em Pequim sejam aprimoradas para que projetos e ideias promissoras fruto das discussões sejam incubadas pelo LABFGV e instituições parceiras.
Segundo Cavaliere, como parte do Brazil+China Challenge, serão realizadas uma série de entrevistas em vídeo, abordando os temas e eixos de discussão do evento.
"As entrevistas, conduzidas em pares de brasileiro(a)s e chinese(a)s, resultam da parceria com o UM BRASIL (www.umbrasil.com), uma plataforma de conteúdo que reúne intelectuais, acadêmicos e especialistas para discutir os problemas e rumos do Brasil e, dessa vez, da China.", detalhou o secretário- geral do evento.
"O conjunto de entrevistas será publicado com traduções para o Português e Chinês, através do livro "Diálogos Brasil-China: Uma Ponte Entre dois Mundos".