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Especial: China e Brasil reforçam sua parceria estratégica
2010-01-06 08:45

Beijing, 4 jan (Xinhua) -- Decorridos 16 anos desde a criação da parceria estratégica entre a China e o Brasil, a cooperação pragmática entre os dois países em vários setores conheceu uma contínua melhora, com o crescente aprofundamento da parceria estratégica bilateral. O último ano vem testemunhando um progresso satisfatório no avanço dos laços sino-brasileiros. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China entre 18 e 20 de maio de 2009 colocou a parceria estratégica em um novo patamar.

No comunicado conjunto sobre o reforço da parceria estratégica divulgado durante a visita de Lula a Beijing, o presidente chinês Hu Jintao e seu colega brasileiro coincidiram na avaliação de que, ao longo dos 35 anos de relações diplomáticas, a cooperação bilateral foi produtiva e amistosa. Os dois líderes reafirmaram a grande importância do contínuo adensamento da parceria estratégica sino-brasileira.

A bem-sucedida visita de Lula mostrou o vigor da cooperação de benefício mútuo entre a China e o Brasil. Os consensos e acordos alcançados pelos dois mandatários oferecerão novas oportunidade para o desenvolvimento dos laços bilaterais.

Em 2009, os presidentes chinês e brasileiro realizaram encontros em quatro ocasiões e trocaram opiniões sobre as relações bilaterais e temas internacionais de interesse comum. O premiê chinês, Wen Jiabao, também se encontrou com Lula em Beijing e em Copenhague. Os intercâmbios entre funcionários de alto nível ajudaram na intensificação das relações bilaterais, facilitando a cooperação bilateral no contexto da crise financeira global.

As relações entre a China e o Brasil estão hoje em seu melhor momento e extrapolam o âmbito bilateral, embora ainda haja muitas oportunidades de crescimento, avalia Zhou Zhiwei, especialista em assuntos brasileiros do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Com a elaboração do Plano de Ação Conjunta 2010-2014, que abrangerá todas as áreas de cooperação bilateral existentes e estabelecerá nova base para expandir a cooperação, a China e o Brasil devem fazer novos avanços no "aprofundamento das relações políticas de confiança mútua e igualdade", na "ampliação da cooperação prática de benefício recíproco", na "promoção dos intercâmbios pessoais e culturais" e na "intensificação da colaboração multilateral coordenada".

Num momento em que a crise financeira global assola a economia mundial e impõe desafios à cooperação entre os países, a China e o Brasil, duas grandes forças em desenvolvimento, testemunham o fortalecimento dos seus laços comerciais. O volume do comércio bilateral cresceu de US$ 1,85 bilhão em 1999 a US$ 48,5 bilhões em 2008. Entre 2006 e 2008, o volume do comércio bilateral cresceu a uma média anual de 50%. Em abril de 2009, a China substituiu os Estados Unidos na posição de maior parceiro comercial do Brasil e maior mercado do mundo para os produtos brasileiros. Estatísticas do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil (MDIC) mostram que o comércio do país sul-americano com a China movimentou US$ 33,28 bilhões entre janeiro e novembro do ano passado, quase a mesma cifra registrada no mesmo período de 2008. A China continua sendo o maior parceiro comercial, maior mercado de exportações e segundo maior país de origem das importações do Brasil.

A China e o Brasil são economias altamente complementares, dotadas de grande potencial de cooperação. As duas nações vêm testemunhando um aumento de cooperações em áreas como energia, aviação, mineração, manufatura e agricultura, que têm rendido benefícios para os dois lados. Durante a visita de Lula à China, foram assinados acordos de cooperação sobre eletricidade, energia renovável e petróleo, entre outros. Na cooperação petrolífera, a Companhia Petroquímica da China (Sinopec) e a Petrobras comprometeram-se a cooperar em diversas áreas como exploração, refinaria, petroquímica e fornecimento de bens e serviços relacionados, acordando que a Petrobras exportará 150 mil barris de petróleo por dia à China a partir de 2009 e 200 mil barris por dia entre 2010 e 2019. Além disso, o Banco de Desenvolvimento da China concederá um crédito de US$ 10 bilhões à Petrobras.

"A China vai ser um parceiro mais estratégico do comércio brasileiro, e não só uma saída no momento da crise. Precisamos deixar de ter medo da China e devemos colocar a China como uma oportunidade em vez de uma ameaça, a favor das exportações brasileiras", afirmou o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Alessandro Teixeira. A ApexBrasil estima que nos próximos cinco ou seis anos o intercâmbio comercial sino-brasileiro pode duplicar.

Nos últimos anos, a China e o Brasil concretizaram grandes projetos de cooperação em áreas de tecnologia, caracterizados pela influência global. Entre eles se destaca o Programa de Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), considerado um exemplo da cooperação Sul-Sul. A China e o Brasil assinaram em maio passado três memorandos para a distribuição de dados do CBERS a países africanos, que tornaram a China um país provedor de dados de sensoriamento remoto de observação terrestre. O diretor-geral do Centro para Dados e Aplicações de Satélites de Recursos da China, Guo Jianning, disse que a distribuição de dados aos países africanos reflete a importância e o apoio dados pelos governos chinês e brasileiro a estas nações e que a cooperação sino-brasileira também é um ótimo exemplo de parceria entre países em desenvolvimento.

A estreita cooperação entre a China e o Brasil conduz ao avanço do intercâmbio cultural, que promove o entendimento entre os dois povos e aprofunda sua amizade. Em 2009, os dois países realizaram várias atividades voltadas à difusão cultural, como exposições, espetáculos e seminários. Além disso, foi aberto o centro de Estudos Brasileiros na Academia Chinesa de Ciências Sociais. As duas nações também concordaram em ampliar a cooperação em educação, cultura, imprensa, turismo e esportes. A China saúda a abertura, proximamente, do Consulado-Geral do Brasil em Guangzhou, capital da Província de Guangdong. O Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos 2016, pode obter mais experiências e inspirações do sucesso da Olimpíada de Beijing 2008.

A China e o Brasil desempenham papeis importantes nos assuntos internacionais e regionais e estiveram entre os primeiros países a se recuperar da crise financeira e retomar o crescimento econômico. As duas grandes economias emergentes concordam em manter estreitos contatos dentro dos marcos do Grupo dos Cinco (G5) e do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e em melhorar a coordenação com outros países em desenvolvimento para aumentar a participação e a expressão das nações em desenvolvimento nos assuntos internacionais.

O Brasil foi o primeiro país em desenvolvimento a estabelecer uma parceria estratégica com a China e tem sido sempre um bom amigo e parceiro na América Latina. "As relações em todas as áreas entre a China e o Brasil já entraram em uma nova etapa e mantêm uma tendência favorável no futuro", indicou o embaixador chinês no Brasil, Qiu Xiaoqi.

Ainda há um grande potencial na cooperação sino-brasileira. Quando se reuniu com Lula em fevereiro passado em Brasília, o vice-presidente chinês, Xi Jinping, apontou que a China e o Brasil mantêm uma cooperação cujo significado vai além do âmbito bilateral, com uma influência global e estratégica. No entender do especialista Zhou Zhiwei, a afirmação do vice-presidente chinês é um excelente resumo do que são as relações sino-brasileiras. Fim

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