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Joint venture entre siderúrgica chinesa e mineradora brasileira agita o mercado de minério de ferro
2007-10-05 00:00
Brasília, 5 out (Xinhua) -- Um negócio entre gigantes: a brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), segunda maior mineradora de ferro do mundo, e a siderúrgica Baosteel, maior produtora de aço da China, formalizaram em quarta-feira uma joint-venture para a criação de uma siderúrgica no Brasil.
As duas empresas formaram em conjunto a Companhia Siderúrgica Vitória (CSV), que produzirá no Espírito Santo, sudeste do Brasil, até 5 milhões de placas de aço para exportação a partir de 2012.
Segundo o presidente da CVRD, Roger Agnelli, o projeto demandará investimentos de cerca de US$ 5,5 bilhões, dos quais US$ 4,5 bilhões para a construção da usina, US$ 500 milhões para o porto de Ubu e outros US$ 400 milhões para a ferrovia Litoranea Sul, que desembocará no porto.
O presidente da Vale ponderou ainda que a produção de placas de aço no Brasil ajudará a reduzir o preço do frete entre o país e a China.
"Em vez de transportar grandes volumes de minério de ferro, vai se transportar placa, que é mais barato e mais eficiente sob o ponto de vista logístico", disse Agnelli.
O presidente do Conselho de Administração da Baosteel, Xu Lejiang, afirmou que o objetivo inicial da CSV será exportar as placas para Estados Unidos, Europa e China. "Mas é claro que, se o Brasil precisar, venderemos as placas aqui", ressaltou.
No contrato inicial, a empresa chinesa detém 60% do empreendimento e a Vale, os outros 40%. Mas a intenção é que a companhia brasileira fique com 20% e busque um sócio para entrar com restante do aporte, segundo o diretor-executivo de metais ferrosos da CVRD, José Carlos Martins.
De acordo com Agnelli, a nova empresa CSV deve buscar financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) no Brasil e também com o banco de fomento chinês. Com isso, em tese, seria complementada a demanda dos 20% de investimento.

EXPANSÃO DA SIDERURGIA CHINESA
Durante a entrevista coletiva, após assinarem o contrato constituindo a CSV, o presidente da Vale do Rio Doce e o presidente do conselho de administração da Baosteel mostraram visões diferentes do mesmo fenômeno: a redução futura da expansão da siderurgia chinesa.
Segundo Agnelli, as principais mineradoras mundiais operam no limite da capacidade para garantir o suprimento de minério de ferro para abastecer a economia chinesa.
"Todos os mineradores estão no limite do esforço para poder abastecer o crescimento chinês. A China cresceu muito rapidamente e está demandando recursos naturais de forma intensa e crescente nos últimos cinco anos", afirmou o presidente da Vale.
No entanto, Xu Lejiang não compartilhou da mesma opinião que o sócio brasileiro. "Olhando para trás, se espera que o ritmo de crescimento da demanda siderúrgica tenha uma redução. Nos próximos anos, não esperamos um grande aumento na produção siderúrgica em nosso país", afirmou o executivo chinês.
Agnelli lembrou que atualmente a mineradora brasileira exporta 100 milhões de toneladas de minério de ferro para o país asiático, o quádruplo das 22 milhões de toneladas transacionadas entre os dois países há cinco anos.

PREÇOS PARA 2008
Ambos executivos da Baosteel e da CVRD procuraram não falar do possível reajuste do preço do minério para 2008.
Analistas concluem que, se Xu estiver certo quanto ao cenário futuro de desaceleração da expansão da siderurgia chinesa, haverá redução da demanda, e consequentemente, queda nos preços.
Por outro lado, se a análise de Agnelli for correta e o freio na produção não significar retração, o mercado continuaria precisando do produto, e nesse caso, haverá aumento do preço do minério. Fim
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